terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A ponte - by bonez*


Em um ângulo de câmeras
ele entra lentamente no sagüão
preocupado com suas constantes dores de cabeça.
Com os olhos pesados, pedindo descanço.

A solidão o deixa triste e aos poucos
se desfaz o que já era feito, sorrindo para o
quadro do palhaço assassino,
para onde os sentimentos eram silenciados.

Resolveu então tomar pílulas de sono,
mas, sua dor era tão grande que nem o sono conseguia afastá-las.
Resolveu aliviar suas dores com mutilações em seu próprio corpo,
mesmo assim não conseguia se sentir melhor.
O sangue jorrava , levando consigo a própria vida, mas ele ainda se sentia mal...

Pois-se a rezar,primeiro aos anjos,
depois para Deus ,
e cansado de esperar ,começou a rezar até mesmo para o mal.

Era segunda-feira e seus olhos pintavam-se ao vermelho/marrom do seu sangue já seco no chão.
Olhos cansados,longes .
Mas que pediam por socorro em algum ponto.

A monotonia dos dias estam matando-o.
E era quase meia noite quando ele resolveu se jogar da ponte mais alta da cidade.

Teria uma dor por mais forte que fosse sobrevivido a morte?

Colocou o sapato mais novo e sua roupa mais escura e rasgou noite adentro.
Lamentando ele então disse adeus aos sonhos do ser infantil dentro dele
e pela primera vez em seus olhos lagrimas correram.
Não eram lágrimas de tristeza e sim lágrimas de alívio e ao mesmo tempo de despedida.

"Adeus mundo que me acolheu quando eu mais precisei,mas, que ,não foi bem suficiente para minha mente"

Ele se jogou exatamente a meia-noite.
Um frio gelou sua barriga minutos antes de tocar o solo e em questão de segundos
estava no chão.
o trânsito entrou em caos e o corpo ficou jogado no meia da avenida principal.

Parado ao lado de um carro a alma dele observava o corpo com uma expressão de satisfação.

"Pela primeira vez no mundo ,eu fui notado"

Suas dores voltaram e sua expressão de satisfação novamente passou a ser de dor.
30 anos depois ainda vagava pela mesma ponte,sentindu as mesmas dores...

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